sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Amizade, O Melhor Remédio


Uma sensação de vazio, saudade, falta, silenciam o interior, você não precisa estar necessariamente sozinho para se sentir só, de que adianta uma infinidade de pessoas a sua volta, se mesmo a comunicação um fator de partida para o inicio de qualquer relação é escassa.
Gente por toda parte, sons de buzinas, transito caótico, correria. Este é o cenário das grandes cidades. Nesta conjuntura capitalista, as pessoas se atropelam, acotovelam-se no transporte urbano, na busca desenfreada por sobrevivência e acumulo de riquezas.
Estamos diante de uma sociedade robótica, gélida e materialista, onde as pessoas são classificadas como peças na grande massa, que podem ser substituídas quando apresentam irregularidades. Essa coletividade humana sempre em atividade, seja nas ruas, trabalho, escolas, parques e academias, a falta de tempo provocada por diversas atividades do homem moderno, acopladas a insegurança e o egocentrismo, são fatores que condicionam as pessoas a se fecharem em seu mundo, deixando em ultimo plano o cultivo de boas amizades.
Amizade segundo o dicionário Aurélio Século XXI é: Sentimento fiel de afeição, simpatia, estima ou ternura entre pessoas que geralmente não são ligadas por laços de família ou por atração sexual.
Pesquisas comprovam que a falta de amigos causa diabetes, inflamações, contrações dos vasos sanguíneos e pode até matar. Em reportagem ao programa Globo Repórter da Rede Globo de televisão, entrevistada pelo repórter Rodrigo Alvarez, a psicóloga e pesquisadora da Universidade de Chicago Louise Hawkley diz: “uma boa amizade é o melhor remédio para todos estes males. A falta de bons amigos reage sobre o cérebro, enviando sinais elétricos pelo sistema nervoso, que desativa grupo de genes responsável por regular a produção de Cortisol, o hormônio do stress, que por sua vez, é liberado de forma desordenada, e logo espalha pelo corpo, e provoca inflamações, formação de barreiras nas extremidades da corrente sanguínea, dificultando o fluxo”.
Segundo o cardiologista do INCOR Miguel Moretti, com base em estudos da área de psiquiatria e da psicologia, relaciona a sensação de bem estar e tranqüilidade, quando se está ao lado de pessoas agradáveis, ocorre à liberação de hormônios e outras substâncias como as endorfinas, que possuem efeitos benéficos ao organismo e impedem a ocorrência de transformações no metabolismo e suas conseqüentes alterações físicas. Moretti também salienta sobre estudos dentro da área de cardiologia, a importância destas substâncias, neurohormônios e neurotransmissores, sobre o sistema cardiovascular e suas conseqüências fisiopatológicas. Em contrapartida exemplifica sobre a liberação de noradrenalina durante uma situação continua ou momentânea de stress (físico ou emocional) que acarretará no aumento da pressão arterial e da freqüência cardíaca, que se persistirem muito irão causar danos ao sistema cardiovascular.
O cardiologista deixa claro que qualquer relação que traga um bem estar ao individuo pode trazer efeitos benéficos a saúde. Faz uma observação com relação ao amigo bicho, ter um animal de estimação é eficaz em 100% dos casos, devido ao animal não pedir nada em troca, o “doar-se” dele, é sempre sem segundas intenções.
O que importa não são a quantidade e sim a qualidade, um único e grande amigo, pode ser a cura e prevenção para várias doenças.
Foi na prática que a secretária baiana, Eliete Batista, 27, constatou esta teoria. Eliete mudou-se para São Paulo em janeiro de 2006, deixando para traz familiares e amigos que foram cultivados desde a infância.
Neste mundo que se opunha completamente ao de sua origem, a secretária, ainda tenta se adaptar, já trabalhando em um consultório odontológico, logo conhece o analista de sistemas, Fernando Lima, 29. Tudo parecia se encaixar, um emprego, namorado, mesmo assim, a secretária começa a sentir um vazio interior, tinha certeza de algo estava faltando.
Acostumada a compartilhar com suas amizades, os momentos bons ou ruins, fazer confidências que nem ao seu namorado, ela não se sentiria a vontade para desabafar. A saudade das brincadeiras, do ombro emprestado e uma palavra amiga nas desilusões amorosas.
Mas o grande susto estava por vir, nos últimos meses, Eliete começou a apresentar alguns sintomas, de que até então nunca havia sentido antes, como falta de ar, cansaço, aceleração dos batimentos do coração e dor no peito. Procurou ajuda médica, que constatou alto nível de stress e obstrução das artérias. Assustada, Eliete abandonou tudo, e voltou a sua terra natal para iniciar um tratamento.
Surpreendeu a todos, depois de duas semanas de volta ao convívio com familiares e amigos, todos os sintomas desapareceram como que por encanto, a secretária foi ao cardiologista, que garantiu que ela gozava da mais perfeita saúde.
Hoje com uma felicidade estampada no rosto, Eliete, concedeu essa entrevista via Skipe (processo de comunicação gratuita via internet, onde se tem a possibilidade de visualização recíproca), ao lado de sua melhor amiga Carina Macedo, 25. Eliete diz em tom de orgulho: “a felicidade que previne doenças, se encontra em boas e sinceras amizades, e aqui eu tenho certeza que tenho amigos, e foram eles que me curaram”.
Viver é compartilhar, são o que dizem os amigos inseparáveis Marcos Silva e Marcelo Araujo ambos 34 anos, o destino os uniu desde o nascimento, o gene da amizade já era hereditário. Suas mães se conheceram na maternidade, quando ambos estavam por vir ao mundo.
A mãe de Marcelo grávida de uma relação desastrosa foi abandonada pelo namorado e expulsa da casa dos pais em decorrência da gravidez precoce. Janete Silva que deu a luz a Marcos, comovida com a história de Luciane mãe de Marcelo, ofereceu sua casa a até então desconhecida, que mais tarde viria a ser sua melhor amiga.
Um ano se passou, e este convívio íntimo, aflorou em uma grande amizade entre as mães, e principalmente entre aqueles pequenos, que dividiam o cobertor desde os primeiros dias de vida. Luciane conheceu Juvenal Rocha vizinho de Janete, e após três meses de namoro, já dividiam o mesmo teto.
Esta vivencia entre estas duas famílias já duram 34 anos, Marcos e Marcelo se tornaram amigos inseparáveis, hoje casados e pais de um casal de filhos cada um.
Em 2004, Marcos passou por um momento muito difícil, seu segundo filho, Bruno, ao nascer apresentou problemas de imunidade baixa, propenso a infecções, e o tratamento teria que ser urgente e a alto custo, as condições financeiras da família não permitia. Marcelo, sempre presente na vida do amigo, não hesitou em ajudar, e investiu todas as suas economias, que eram para a compra de um apartamento na cura do pequeno Bruno, que foi um sucesso, e hoje é uma criança normal.
O fato só serviu para reforçar e provar ainda mais, os laços da verdadeira amizade entre estes jovens, que além de se disporem de uma mão amiga nas dificuldades, dividem os momentos mais simples da vida, como uma corrida no parque ou um almoço em família, e que fazem toda a diferença para se viver bem e melhor, e deixam o recado: “mais valioso que qualquer bem material, é ter um amigo de verdade, previne doenças e nos fazem ver, que não estamos sozinhos diante dos obstáculos da vida”.
Como diz na terceira estrofe da composição de Fernando Brant e Milton Nascimento, Canção da América: “Amigo é coisa pra se guardar no lado esquerdo do peito, mesmo que o tempo e a distância digam não, mesmo esquecendo a canção, o que importa é ouvir a voz que vem do coração”.
Amizades verdadeiras não se dissipam no tempo ou espaço, por mais que o destino imponha barreiras e distanciam as pessoas na estrada da vida, a esperança de um reencontro nunca morre. Como reforça a ultima linha da canção de Nascimento, “Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar”.
Portanto é preciso aprender a se relacionar socialmente para sobreviver, a solidão machuca o coração. Doe-se como amigo sincero, honesto, dedicado, presente, autêntico e divertido. E esteja certo de que terá verdadeiros amigos, um abraço sincero, um carinho, um olho no olho, uma troca de confidências e respire leve, o coração agradece.


Por
André Andrade

Nenhum comentário: