sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Novos adultos



O tema “inversão de valores”, nunca esteve tão em voga como atualmente. Só que o seu grau de surgimento não necessariamente aparece na fase adulta.
Nossas crianças já são educadas na sociedade consumista, esta vendida como moderna. São pequenos executivos, cheios de responsabilidade e carregados das expectativas de seus pais. Hoje, elas devem ser protegidas de tudo, mas ao mesmo tempo munidas de um ensino escolar imprescindivelmente particular, que proporcione as condições de se tornarem bem sucedidas.
Já apontado pela historiadora, Mary Del Priore, autora de História das Crianças do Brasil (Contexto), o modelo atual de infância é: “Pobre de conteúdo e transforma a criança em adulto em pouco tempo, com apelos excessivos ao consumo e à sexualização.”
Essa realidade cada vez mais aflorada, tem como reforço outro alvo capitalista: A falta de limites pela busca do sucesso. A solidão e a carência, por quais os filhos tem passado, podem ser analisadas pela constante perseguição à eterna juventude. Não entendida de forma interior, mas na aparência, a maturidade é outro assunto que não é visto na nossa sociedade como algo de valor, de mérito, e com isso podemos lembrar de onde vem a distância e a falta de comprometimento com a formação do caráter dos pequenos. Não é incomum, observarmos pais preocupados em se manterem nos padrões sociais e com isso barganharem com seus filhos sua ausência de forma material.
Além do nível de educação, vêm os presentes, muitos de altos valores quando comparamos com uma compra mensal de produtos alimentícios e que antes de serem adquiridos, foram apresentados em “encantados comerciais”, estes nem notados pela família, pois afinal não temos tempo.
Não há espera, merecimento, disciplina ou um eficiente e simples: Não. A maioria dos responsáveis legais concedem os pedidos realizados sem pestanejar.
É fato que a crescente participação feminina no mercado de trabalho, a partir da década de 80, explica muito do que vivemos hoje, mas não é a grande responsável. É inevitável a delegação de papéis, entre escola, babás e psicólogas, porém, a saída ainda não é a exclusão da mulher do trabalho externo.
“O que precisamos é desprendimento para investir no relacionamento com o filho. Não importa se o tempo disponível é grande ou pequeno. A qualidade da convivência depende mais de se mostrar afetuoso e companheiro”, explica o psicólogo Hélio Deliberador.
Antes de tudo, é importante questionarmos as regras antes de obedecermos. Tomar nossa vida pelas mãos, é na verdade a “meta” que devemos conquistar. São diversos mundos, freneticamente apresentados, que não servem para construção dos nossos futuros cidadãos, estes que, aliás, não devem ser criados dentro de uma redoma, mas sim sustentados com senso de crítica, afim de não se tornarem tiranos em potencial.


Mariana Guedes

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